Muitos consideram o primeiro filme da trilogia O Poderoso Chefão o melhor filme de todos os tempos. A obra ganhou vários Óscars, inclusive o de melhor filme. Foi dirigida por Francis Coppola e estrelada por Marlon Brando e Al Pacino. 

Em inglês, a película é chamada de The Godfather, “o padrinho”, que representa bem a idéia de família e amizade da máfia italiana norte-americana, isto é, uma rede de favores escusos, ações ilegais e dependência servil aos “padrinhos”. 

Forma de viver que está em oposição direta à vida democrática que trata todos os indivíduos como iguais perante a Lei. Nesse tipo de sociedade, existem dois pesos e duas medidas, pois uns são tradados pelas regras gerais, outros, de acordo com suas amizades.

The Godfather parece também retratar o Brasil e sua mania de tratar a política como algo de família. Somos uma república apenas no nome e uma democracia ainda muito infantil, já que nossos homens públicos consideram o país um bem privado e vários dos nossos Estados ainda são governados por oligarquias, inclusive o de onde eu escrevo.


As várias delações que aparecem todo dia na mídia estão evidenciando que, em Brasília, todo mundo deve favores a todo mundo e que nosso país é gestado através da subjetividade do apadrinhamento e não através da objetividade das relações pautadas na justiça e na legalidade.

Embora certo deputado federal brasileiro se diga evangélico, resta evidente que ele é padrinho de uma penca de gente, pois tem vários afilhados bananas tentando fazer a balança da justiça pender favoravelmente para ele.

Nossa sociedade mal é amparada na legalidade, quanto mais em discussões éticas sobre certo e errado, justo e injusto. Exemplo disso é a pergunta “você sabe com que você está falando?”, que visa livrar quem a usa da devida punição por ter violado alguma lei, como bem mostra o antropólogo brasileiro Roberto DaMatta em O que faz do Brasil, Brasil? e A casa e a Rua.

O apadrinhamento também é comum nas igrejas, o que não deixa de ser uma espécie de simonia, só que não de caráter necessariamente financeiro, tendo mais relação com as redes de influência. Isso aparece no famoso “passar a mão na cabeça” de membros de algumas famílias.

Quando a Igreja viver de acordo com a ética do Reino dos Céus, conforme a vontade de Deus Pai e não a de padrinhos, teremos uma sociedade mais democrática e republicana, pois a sociedade será ancorada na justiça. Deus não aprova que mudemos os pesos da balança para prejudicar os inimigos ou para ajudar os amigos. Por isso a grande ênfase bíblica na balança justa, no não uso de dois pesos e duas medidas. Afinal, como no ensina Pv 11.1: “Balança enganosa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o seu prazer”.

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