por Presb. Rubens Cartaxo Junior
Igreja Presbiteriana de Natal
Na postagem anterior vimos que Satanás não foi expulso do céu e da corte celestial num passado remoto, antes da criação. Ele foi expulso do céu quando Jesus foi entronizado. No artigo de hoje, vamos ver como isso aconteceu.
Já foi referido no artigo anterior que Satanás ganhou o direito legal de acusar os homens diante de Deus por seus pecados, bem como de enganar as nações e oprimir seus povos (“Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder do Maligno”. – 1 João 5:19). Essa é a razão pela qual Deus, ao desenvolver o Plano da Redenção, separou um homem, Abraão, para, a partir dele, formar um povo do qual viria o Messias, o descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente, prometido em Gn 3.15.
Até a ascensão e consequente exaltação de Cristo nos céus (Ap 5), Satanás e suas hostes de anjos caídos ainda detinham o direito de frequentar a corte celestial, como vimos em várias passagens do AT. Quando o diabo fez o homem pecar, usurpou dele o direito de ser o príncipe deste mundo (Jo 12.31; Jo 14.30) e seus demônios passaram a ser príncipes de nações. É nesse contexto que se compreende o relato de Dn 10, especialmente do v. 12 a 21. Daniel ora durante 3 semanas até que vem um anjo da parte de Deus e lhe assegura que sua oração foi ouvida desde o primeiro dia e o anjo veio em resposta às orações, mas o príncipe do reino da Pérsia lhe resistiu durante 21 dias e o anjo precisou da ajuda de Miguel, um dos príncipes supremos, para conseguir passar (v. 13). Além disso, o anjo lhe falou que voltará a lutar contra o príncipe da Pérsia e logo que o anjo se for, virá o príncipe da Grécia. Ele ainda diz que nessa luta ninguém o ajuda “senão Miguel, o príncipe de vocês (os judeus, obviamente)”.
Não faz sentido que o príncipe da Pérsia e o príncipe da Grécia aqui referidos sejam homens. Que homem poderia resistir a um anjo por uma fração de segundo que fosse, quanto mais 21 dias? Que homem teria tamanha força que o anjo precisaria ser auxiliado pelo arcanjo Miguel? Note também que o mesmo título, príncipe, é dado a Miguel e aos demônios que dominavam a Pérsia e a Grécia, respectivamente.
Outro texto que mostra o direito legal, jurídico, de Satanás é Judas 9: “Contudo, nem mesmo o arcanjo Miguel, quando estava disputando com o diabo acerca do corpo de Moisés, ousou fazer acusação injuriosa contra ele, mas disse: “O Senhor o repreenda! ” Nessa época, ainda no AT, o arcanjo Miguel reconhecia os direitos jurídicos de Satanás e que só Deus poderia repreender o diabo.
Sabedor que um descendente da mulher (Gn 3.15) iria esmagar sua cabeça, Satanás sempre procurou impedir que sua linhagem prosperasse. Essa é a razão pela qual Israel, o povo que Deus preparou para que dele viesse o Messias, sempre foi perseguido e sempre esteve em risco de extinção. Quando Jesus nasce, Herodes manda matar todas as crianças de 2 anos para baixo, no afã de eliminar o Messias (Mt 2.16-18; Ap 12.1-5).
Após seu batismo, Jesus é levado pelo Espírito para ser tentado pelo diabo (Mt 4.1). Este foi o primeiro compromisso de Jesus em sua missão, a primeira fase da batalha de Jesus contra Satanás pela autoridade. Ao tentar Jesus, o diabo expõe o seu direito legal de dominar sobre as nações: “O diabo o levou a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo. E lhe disse: “Eu lhe darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser. Então, se você me adorar, tudo será seu”. Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’” (Lc 4.5-8).
Ao resistir às tentações, Jesus impinge a primeira derrota ao diabo e este o deixa até ocasião oportuna (a traição e prisão de Jesus) – Lc 4.13. Agora o Reino de Deus chega à terra e uma das expressões disso é o fato de Jesus expulsar vários demônios (Mt 12.28). Quando Jesus envia os setenta discípulos, eles voltam exultantes pois os demônios se lhes submetiam pelo nome de Jesus. O Mestre lhes diz que via Satanás caindo do céu como um relâmpago, ou seja, quando Ele fosse entronizado, Satanás seria expulso do céu (Lc 10.18).
Quando Jesus, certa ocasião, chega à terra dos gadarenos, os demônios indagam: “que queres conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar ANTES DO DEVIDO TEMPO? (Mt 8.29)” Ou seja, eles questionaram a autoridade de Jesus alegando que o tempo da punição dos demônios ainda não havia chegado. Eles ainda detinham o direito sobre aqueles gadarenos. É interessante fazer uma pesquisa numa chave bíblica conferir quantas vezes a palavra autoridade é mencionada no NT, referindo-se a Jesus.
Na cruz, quando Jesus morre, Satanás acha que finalmente venceu, mas foi justamente na cruz que ele foi derrotado, pois através da morte na cruz, Jesus satisfez a justiça divina e pode comprar um povo para Si mesmo. A cruz, paradoxalmente, foi o trinfo de Jesus. Na cruz, a batalha contra Satanás foi vencida (Cl 2.13-15). Jesus despojou os poderes malignos, os principados e potestades e triunfou gloriosamente sobre eles. Não é à toa que Paulo fala tanto da autoridade que Jesus conquistou (Fl 2.9-11; Ef 1.20-23; Hb 1.3b). Também não é à toa que Jesus quando mandou seus discípulos pregarem o Evangelho disse: “Toda autoridade me foi dada” (Mt 28.18).
Perceba que durante todo o tempo do Antigo Testamento até a ascensão de Jesus, não existiram missionários. Quando ocorriam conversões eram os gentios que vinham a Israel, como Rute e Naamã. Isso tinha a ver com o direito de Satanás de enganar as nações e acusar os homens de seus pecados. Porém, com a vitória de Jesus na cruz e sua exaltação nos céus, tais direitos foram cassados. O diabo foi amarrado (Ap 20.1-3). Agora, durante o período da igreja, entre a encarnação e pouco antes da 2ª Vinda de Cristo, o diabo não tem mais o poder de enganar as nações. Agora o evangelho pode ser pregado a todas as nações.
O capítulo 5 de Apocalipse nos revelam que o Leão de Judá que venceu é digno de tomar o livro das mãos de Deus-Pai e abrir os selos (Ap 5.5). O livro em referência é o livro da história. No capítulo 12.7-13 nos é narrada a expulsão de Satanás do céu. Satanás perde todos os seus direitos legais e é lançado à terra. Já não tem poder de acusar os crentes e de enganar as nações (v. 10). Está amarrado neste sentido e é por isso que as portas do inferno não poderão prevalecer contra a igreja (Mt 16.18). É por isso que podemos resistir ao diabo e ele fugirá de nós (Tg 4.7).
A vitória de Jesus na cruz do Calvário, sua ressurreição, ascensão e exaltação garantem a consumação da vitória final da igreja, independentemente de qualquer perseguição ou angústia. Uma eternidade de ventura em comunhão com Jesus está garantida para todos aqueles que experimentaram o novo nascimento. Aleluia!
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Até a próxima.
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