Abraham Kuyper |
O conceito conhecido hoje como Evangelho Integral ou Cosmovisão Cristã é bem mais velho do que imaginamos. Tem-se sabido que a história da igreja, no decorrer destes quase 2 mil anos, passou por crises profundas, tanto na conspurcação de sua sã doutrina quanto na luta contra heresias perniciosas. Todavia, no séc. XIX, em tempos de convulsão política e moral, na Holanda nascia um homem que transformaria um país e deixaria um legado inimaginável para as gerações vindouras. Abraham Kuyper, notável pastor, educador e jornalista, fez uma importante distinção entre Protestantismo e Calvinismo: o primeiro restringe-se a um caráter exclusivamente eclesiástico e teológico, enquanto o segundo coloca sua marca na Igreja e fora dela, sobre cada departamento da vida humana.
Ele chama o Calvinismo daquele “poderoso movimento” que promoveu o reavivamento da ciência e da arte, abriu novas avenidas para o comércio e negócios, embelezou a vida doméstica e social, exaltou a classe média a posições de honra, produziu filantropia em abundância, e mais do que tudo isto, elevou, purificou e enobreceu a vida moral pela seriedade piedosa. Ele propunha que todas as áreas do saber e do conhecimento humano fossem desenvolvidas a partir de uma perspectiva bíblica de como Deus fez as coisas, de como esse mundo caiu em pecado e sofreu os efeitos da queda, mas de como Cristo há de remir todas as coisas e que isso influenciasse todas as áreas, criando um segmento na cultura.
O Calvinismo, segundo ele, é uma visão de mundo e da vida (cosmovisão) que toca em todas as áreas e não só na área doutrinária e soteriológica. A doutrina é apenas uma parte. São cosmovisões em guerra a todo tempo: a cosmovisão do Islamismo, do Catolicismo Romano, do Paganismo e do Modernismo, esse último filho da Revolução Francesa. Todas essas cosmovisões lutam incessantemente contra a cosmovisão verdadeiramente bíblica, o Calvinismo.
Ele deu início à ideia Reformada de Mandato Cultural (nossa relação com o mundo, coisas criadas), Mandato Social (nossa relação com as pessoas) e o Mandato Espiritual (nossa relação com Deus). Foi um homem prolífico, envolveu-se em diferentes áreas da cultura, conseguiu colocar suas visões em prática na política, no jornalismo, na educação e na teologia. Criou o primeiro partido democrata cristão do mundo (Partido Anti-Revolucionário). Poucos realizaram tanto em áreas tão diversas quanto Abraham Kuyper. Quando faleceu, aos 82 anos, era o cidadão mais famoso em seu país. Foi incansável em seu esforço para aplicar a fé cristã em todas as áreas da vida, conquistando assim a estima de seus concidadãos e o respeito de muitos no mundo.
Devemos ter mais cristãos se candidatando à política. Agora, qual o perfil do candidato cristão? Precisamos cada vez menos de pessoas despreparadas, amadoras, ingênuas ou desonestas, que são eleitas por um voto corporativista, para representar os interesses de uma igreja particular, para fazer favores, conseguir emprego, telha, terreno ou tijolo para a congregação. Temos de ter, isto sim, mais pessoas preparadas, que tenham uma formação bíblica sólida e abrangente, que possam ir aos centros de decisão representando o Senhor da glória, para expansão de Seu reino, e para o bem comum da sociedade, sendo “sal da terra” e “luz do mundo”. Como Abraham Kuyper, precisamos de cristãos que tenham o desejo de termos uma igreja forte, ortodoxa e disciplinada e uma sociedade justa. Que tenham o lema de Kuyper: “Estimar a Deus como tudo, e todos os outros como nada.”
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