Um amigo perguntou-me sobre o que faz com que um político, reconhecidamente corrupto, tente passar a idéia de que é a pessoa mais santa do mundo. Tratando-se da política brasileira, eu tenho alguns palpites.
Em primeiro lugar, faz parte das nossas raízes lusitanas a crença na vinda de um líder humano que resolverá todos os nossos problemas. Esse Messianismo, entre nós, chamado de Sebastianismo, faz com que muitos brasileiros gostem de tratar certos líderes como sendo criaturas divinas. Por isso, muitos políticos mentem sobre suas vilanias, na cara dura, por saberem que muitos se negarão a vê-los como meros mortais e pecadores.
Meu segundo palpite é que alguns políticos pensam que ética é coisa do povão, de pessoas simples, e que ser homem público significa estar acima do bem e do mal. Esse tipo de raciocínio já foi denunciado por Sérgio Buarque de Holanda quando ele disse, em Raízes do Brasil, que somos chegados a usar expressões do tipo “você sabe com quem está falando?” como argumento de autoridade, ao invés de discutir sobre justiça e injustiça, legalidade e ilegalidade, certo e errado, coisas mais do feitio republicano.
Aliás, Nietzsche defendeu que esse papo de bem e mal, certo e errado, é uma péssima idéia que o Cristianismo trouxe para o Ocidente. O super-homem Nietzschiano, algo que alguns políticos pensam ser, significa viver de acordo com a própria vontade e dando de ombros para o direito alheio.
O terceiro palpite que tenho sobre as raízes da corrupção em alguns políticos brasileiros tem a ver com a idéia de que, parafraseando Maquiavel, os fins partidários ou ideológicos justificam a roubalheira nos meios. Alguns tentam nos fazer acreditar que roubam para um bem maior, por isso devemos continuar votando neles, já que fazem isso em nome dos pobres, da democracia, do progresso, contra os inimigos do povo e por aí vai.
Nós não queremos que os políticos sejam salvadores e senhores, pois já temos um salvador, que é Cristo, o Senhor. Também não nos interessa, nem um pouco, um superman bigodudo amoral, pois o homem perfeito, o Segundo Adão, cumpriu a Lei e no guia à uma vida de santidade. Deus nos livre de um novo Maquiavel, pois Jesus, o Rei dos Reis, é o príncipe da paz, da justiça, da graça e da misericórdia.
Meu conselho aos políticos e a nós que os elegemos é que atentemos para o que Paulo nos ensina em Romanos 13, quando diz que toda autoridade está debaixo da autoridade de Deus e que a função do Estado é punir o mal e promover o bem.

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