Só Deus é a fonte da felicidade. A Bíblia diz isso com tanta clareza que, se comparado, o astro que ilumina o dia fica parecendo uma lanterna com a pilha fraca. Tal verdade aparece, com muita freqüência, nas passagens que nos ensinam quem são os bem-aventurados. Por questões de espaço, usarei aqui apenas as bem-aventuranças nos Salmos, embora o termo também apareça em Jó 5:17; Is 30:18, 32:20, 56:2; Dn 12:12; Mt 5:3-11, 11:6, 13:16, 16:17, 24:46; Lc 6:20-22, 7:23, 10:23, 11:28, 12:37-38, 12:43, 14:14-15; Jo 13:17, 20:29; At 20:35; Rm 4:6-8, 14:22; Tg 1:12, 1:25; 1 Pe 3:14, 4:14; Ap 1:3, 14:13, 16:15, 19:9, 20:6, 22:4, 22:7.

A Palavra hebraica ‘ašrê geralmente é traduzida como bem-aventurado (ARA e ARC) ou feliz (NVI, NTLH, TEB e BJ). Particularmente, prefiro a primeira opção, e faço isso por três motivos:

1) Ser bem-aventurado não se limita a um sentimento ou boas circunstâncias da vida, é uma condição mais profunda e que é atestada pelo próprio Deus. Sendo assim, segundo o Sl 127:3-5, é bem-aventurado quem tem muitos filhos não só porque isso praticamente ajuda a formar um exército (ou um time de futebol, usando nosso atual contexto), mas também por ser sinal do favor de Deus.

2) A expressão bem-aventurado está sedimentada na mentalidade evangélica, significando ser abençoado por Deus, estar sob Seu cuidado e estar em paz com Ele.

3) Por fim, ‘ašrê vem de uma raiz hebraica que significa pé ou caminhada, isto é, uma jornada, idéia que também está em ad ventura, origem latina de aventura, que literalmente significa “o que vem pela frente”. Como é uma boa-aventura, seu sucesso já está garantido, já que, do início ao fim, o SENHOR está no caminho do bem-aventurado, como nos ensina a estrutura do Salmo 1, que começa (Sl 1:1) dizendo que Deus está no caminhar do justo (bem-aventurado) e termina dizendo que Ele está conosco (conhece) durante toda nossa jornada (Sl 1:6).

A verdadeira felicidade, que é eterna e que, das bandas de cá, isto é, da história, só dá para provar o gostinho, é para os que andam com o SENHOR (Sl 65:4, 84:4, 89:15, 144:15) e de acordo com a vontade d’Ele (Sl 1:1, 41:1, 106:3, 112:1, 119:1-2, 128:1). Se não conseguimos caminhar direitinho, não há porque desesperar, pois Deus, cuja misericórdia não tem fim, nos corrige para o nosso bem (Sl 94:12) e perdoa nossos pecados (Salmo 32.1-2).

Não é só do tolo e rebelde otimismo da auto-ajuda que o cristão deve fugir, tem que correr pra longe do pessimismo também. Não obstante o fato de que muitos cantam que “tristeza não tem fim, felicidade sim” (Tom Jobim) e que a Roda Viva sempre leva a alegria embora (Chico Buarque), o cristão vive feliz, pois sabe que a felicidade não depende do seu próprio esforço e também está ciente de que sua vida não caminha à ventura. Os filhos de Deus sabem que bem-aventurados são os que, por meio da fé, colocam no Todo-Poderoso a esperança (Sl 2:12, 34:8, 40:4, 84:5, 146:5).

Quem entrega a vida ao Criador não é bem-aventurado apenas no sentido do que é sentido, mas por ter encontrado o sentido da vida. Como nos ensinou Agostinho, não o do Grande Família, o coração do homem só encontra inquietude enquanto não descansa em Deus (Confissões); o mesmo que ensina a resposta à primeira pergunta do Catecismo Maior de Westminster, a saber, fomos criados para glorificar ao nosso Pai para sempre e para curtirmos eternamente a comunhão com Ele.

Mesmo assim, não posso dizer a você, meu irmão, que não iremos sofrer. Sinto muito… eu não posso dizer tal coisa. Mas posso garantir, porque o SENHOR garante, que o cristão não passa no vale da sombra da morte sozinho; o Pastor de Israel, mesmo que não percebamos, sempre nos diz #tamujunto. Também é motivo de muita alegria saber que Jesus, o bem-aventurado (Sl 72:17), é Emanuel, Ele nos nasceu e disse que continuará sendo Deus conosco até o fim dos séculos (Mt 1:23 e Mt 28:20). Júbilo é o mínimo que podemos expressar porque nos foi enviado o Consolador, o Santo Espírito, que é Deus e habita em mim e em ti. Sabe o que é o mais legal, leitor? A Grande Festa ainda nem começou!

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